No livro Compêndio de Beijos, que acaba de chegar às livrarias, a autora, Lana Citron, estima que 90% da população mundial use esta forma de afecto. De acordo com um inquérito da revista online getlippy.com, 95% das jovens gostavam de o fazer mais vezes: 24% já estiveram mais de um ano sem beijar ninguém e 30% entre três a seis meses. Outro estudo conclui que dois terços das pessoas inclinam a cabeça para a direita quando beijam na boca.
A primeira referência a este tipo de cumprimento data de 1500 a. C. e foi encontrada pelo antropólogo alemão Vaughn Bryant em escrituras védicas primitivas oriundas da Índia. Os textos falavam de pessoas que “cheiravam com a boca” e de amantes que “encaixavam boca com boca”. No entanto, a prática só terá chegado ao Ocidente depois de Alexandre, o Grande, ter conquistado o Estado do Punjab, mais de mil anos depois. Sabe-se que entre os pagãos era sinal de respeito beijar os pés dos druidas, tal como mais tarde aconteceu com imperadores romanos e papas.
Na Roma Antiga, eram divididos em três tipos: os oscula, que se davam aos amigos; os basia, trocados entre marido e mulher; e os suavia, sinais de paixão lasciva. Este hábito, perfeitamente enraizado nos costumes imperiais, foi proibido no tempo de Tibério (42 a. C-37 d. C.) para travar a propagação de um tipo de herpes que fazia aparecer bolhas na cara e no corpo.
Os beijos, porém, nunca mais deixaram a cultura ocidental. Séculos mais tarde foram os exploradores europeus os responsáveis pela sua globalização. O gesto era recebido muitas vezes com estranheza. No livro de viagens Savage Africa, publicado no século XIX, o historiador britânico William Winwood Reade descreveu a reacção de pânico que uma jovem indígena teve quando ele a beijou – muitas tribos interditavam esta saudação. Mais de 100 anos depois, em 1990, o Diário dos Trabalhadores, jornal de Pequim, manifestava--se contra os beijos. “Os europeus invasores trouxeram o costume (…) para a China, mas esta prática é considerada obscena e demasiado sugestiva do canibalismo.”
Até hoje há culturas onde beijar alguém em público é crime. Em Nova Deli, na Índia, a multa para um casal que cometa esta ousadia é de 9 euros. E os castigos também se aplicam a estrangeiros. Dois israelitas que se deslocaram ao Rajastão em 2005 para casarem numa cerimónia hindu foram levados a tribunal por terem trocado um beijo durante os cânticos religiosos. Os sacerdotes sentiram-se ofendidos e os noivos pagaram 17 euros pelo pecado. A situação teria sido mais grave na Indonésia, onde um beijo em público é punido com uma pena de prisão até 10 anos e coima até 24.750 euros.
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