quinta-feira, novembro 24, 2011

AFECTO


Num momento de desespero, o Pedro surge e aparentemente resguarda-me e oferece-me a sensação, que embora que ilusória, de voltar a sentir-me o que fui um dia.

A tristeza e a inércia, que me invadiram longos anos, desvaneceu-se, proporcionado pelo afecto do Pedro.
As longas conversas, as maratonas de sexo, a partilha, a música, a dança, foram intensas e quiça, demasiado velozes, em tão curto espaço de tempo.

Esta união, mesmo que possa ser imaginária ou pouco real, teve curta duração, mas termos vivido e sentido esses momentos valeu a pena.

Não se escolhe quem se ama! ama-se mesmo sem se perceber porquê! não existe uma explicação lógica, por muito que queiramos compreender! a palavra amor, é demasiado forte para o que sinto, mas abala a alma. não sei jogar o jogo do "amor", ponho as cartas na mesa demasiado cedo e duma assentada! e por esse facto assusto e afasto quem amo.


Apesar do sofrimento que causa a seta espetada no meu coração, percebi de alguma forma, ou pelo menos tento, que é imperativo dar tempo e espaço para se apaziguarem as confusões! apesar de ser temperamental e ter um mau feitio que não se pode aturar, tenho que compreender que as pessoas tem o direito de não me aceitarem. isso só pode acontecer, se tiverem vontade de receber o que tenho de bom e o resto do "pacote", o que tenho de mau! a solidão, a seta espetada, e o rompimento da partilha, fazem-me sofrer; mas é inevitável dar tempo ao tempo, não pressionar o que não deve ser pressionado. tão simples parece! oferecer o tempo e o espaço necessário para digerir, reflectir o que pensamos e como agimos. não quero que sintas insegurança, indiferença, egoísmo, frieza, cobardia, muito menos agir de uma forma cínica. tens direito a todo o espaço e a todo o tempo que achares necessário, seja ele temporário ou para sempre, para te sentires em paz contigo e quem sabe comigo! não vale a pena pedir desculpa, como tantas vezes disseste, o que vale de facto, é dizer, que apesar de todo o sofrimento da seta encravada, a minha pressão e a minha insistência estão atenuadas pela consciência que sinto que necessitas para apaziguares e esclareceres a confusão que temos em "mãos". nascer pode o dia em que surge o que precisamos! enquanto isso, dói, moí, e não se esquece.

" O que fazer quando a seta do cupido nunca mais se consegue arrancar do alvo? quando nela nascem ramos de laranjeira como no nariz do pinóquio? quando a ponta da seta se parte em mil bocados de ferro e se começa a espalhar pelo sangue, contaminando-o com o chumbo da tristeza que nos faz pesar a cabeça e os membros e nos tolhe os movimentos? .... não pode resolver este problema da seta encravada, porque quando sangramos, ninguém sangra connosco e a dor não se alivia com a partilha. lutar devagar quando as forças são poucas, preparando o corpo e o espírito para lutar sempre com mais força, mas tudo com calma, em paz, na certeza de que cada dia pode trazer o que precisamos. é muito dificil viver com uma seta encravada, daquelas tortas que o cupido deixou esquecida. cansa, mói, desgasta, não mata mas envelhece, dói sempre e por isso não se esquece. ... setas encravadas, continuam a bater todos os dias a todas as horas no organismo dos que têm a sorte de poder continuar a viver."

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