"... Mas eu queria, efectivamente, ser pintor! Talvez o destino me tenha proporcionado o primeiro passo. Comprei a primeira caixa de tintas a sério, e aprendi a colocar as cores na paleta, segundo as boas regras.
A acumulação de pastas e blocos de desenhos, registos de vivências (quantas!) despertaram em mim o imperativo de uma reflexão desapaixonada quanto ao destino a dar a tais registos. A distância do tempo e do espaço permitiu-me julgar a consistência de um material face a uma trajectória que me recaía por obscuras leis e nada teve de doloroso da minha parte a destruição de grande quantidade desses desenhos; seria disso testemunha a velha mufla de aquecimento do atelier, se ela falasse....A consciência mais aliciada levou-me a verificar que as hesitações de percurso uma vez eliminadas, tornavam mais claro o referido trajecto que, iniciado nos anos 30 cobriam 60 anos nos quais a dominante expressionista respondia necessariamente à minha, natureza de homem. Confesso que na minha mente era consistente o desejo de manter o conjunto íntegro, e isso bastava-me.
Que o Desenho seja entendido no seu mais amplo sentido. Não apenas restrito às Artes-Plásticas mas a todas atitudes criativas do Homem. Não é monopólio de qualquer época nem de qualquer sociedade.O Desenho é expressão de um consciente que o particulariza"
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