Poderá estranhar-se este filme ser apresentado num festival de documentário, porque se trata de uma ficção documental - reproduz um ano lectivo na vida de um liceu "difícil" de Paris onde Bégaudeau leccionou, e cujas experiências verteu para o seu livro homónimo.
Colado ao real.
Mas a verdade é que A Turma é uma recriação tão autentica e cuidadosamente próxima da realidade que descreve, está de tal forma colada a ela, conseguindo um tão admirável "efeito de real", que se justifica plenamente passar em sessão especial no DocLisboa.
Em A Turma, François Bégaudeau interpreta um professor liceal chamado François. Os seus alunos são personificados por estudantes de um outro liceu da capital francesa, que participaram em worshops dramáticos como preparação para os papéis que iam desempenhar e foram sempre encorajados a improvisar. Todos os professores e responsáveis directivos fazem parte dos quadros do mesmo liceu, e a maior parte dos pais dos alunos são mesmo os pais deles na vida real. Com a excepção da mãe de Souleymane, um dos jovens mais rebeldes da turma, interpretada por uma actriz. (Curiosamente, o jovem que personifica o arrogante e agressivo Souleymane, é o seu oposto na vida real).
Rodado por Laurent Cantet em vídeo de alta definição, com três câmaras para não perder pitada de tudo o que acontecia na sala de aula, das movimentações de professor e alunos, e de tudo aquilo que decorria ou acontecia no plano secundário da acção, A Turma é um filme que nos conduz pela mão aos meandros do funcionamento de uma escola.
Sem abdicar da individualidade do professor François e dos seus alunos de várias origens sociais, raças e credos, Cantet filma esta turma como um microcosmo de muitas outras em escolas problemáticas (tal como se diz agora) não só de França, como de toda a Europa. E mostra como o encontro diário, numa sala de aula, entre um adulto cuja missão seria emitir conhecimentos, e um grupo de jovens cujo papel seria absorvê-los, se transformou num confronto duro, exigente, exasperante e as mais das vezes inglório.
segunda-feira, dezembro 08, 2008
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