quinta-feira, junho 24, 2010

Sem título

"A nossa maior tragédia é não saber o que fazer com a vida."
José Saramago

sábado, junho 19, 2010

Poema à boca fechada

"Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo."


José Saramago

MORREU O VISIONÁRIO DA NOSSA ÉPOCA




















sexta-feira, junho 11, 2010

Zeitgeist

"A palavra alemã Zeitgeist pode ser compreendida como o espírito do tempo ou espírito da época, ou seja, o conjunto de todo conhecimento humano acumulado ao longo dos tempos que se apresenta em um dado momento da história.

É o status intelectual e cultural de uma sociedade em dado momento no tempo."


terça-feira, junho 08, 2010

O meu nome

Célia vem do Latim "Caecíllia" que significa "cego", sendo diminuitivo de Cecília. João vem do Hebraíco "Yohanan e significa "Deus perdoa".
Antes de nascer, os meus pais estavam convencidos que eu era um menino e até já tinham o nome previsto: Pedro Miguel.
Para surpresa geral nasceu uma menina, que segunda a opinião dos vários médicos que a minha mãe consultou, durante a gravidez, não teria qualquer chance de nascer, visto que o mioma (tumor benigno que aumenta de volume lentamente e que pode causar acidentes) iria crescer, tornando impossível o desenvolvimento do feto, cuja consequência final seria o aborto inevitável.
Determinada, levou a gravidez até ao fim e fui nascer à melhor maternidade do país, em Coimbra.
Como nasci menina, tornou-se imperativo a mudança de nome.
O meu pai sugeriu Delizía, cujo nome tinha ouvido numa estação de rádio da Nova Zelândia, quando da sua estada em Timor, a prestar serviço à nação. Na altura, a estação estava a promover um concurso sobre a qualidade da sua transmissão e para tal, quem respondesse via aerograma  (carta que se expedia por avião) à D. Delizía, recebia como prémio um livro e uma estatueta de um nativo da Nova Zelândia. O meu pai respondeu que a qualidade da transmissão era boa, recebeu o prémio, leu o livro e ficou-lhe na memória o nome.
A minha mãe, queria que eu ficasse com o nome João, que é o nome do meu pai, embora não fosse esse o caso quando pensavam que era um menino.... Foram ao registo com um nome em mente: Delizía João. Não aceitaram.
Pensaram em Maria João, mas depressa acharam que muita gente era Maria e não gostaram.
Subitamente, o meu pai lembrou-se de Célia, porque considerou o nome bonito e pouco comum. Treinaram Célia João e concordaram que era elegante e invulgar.
Célia tem um tom suave e doce, João é mais forte, não sendo agressivo, transmite protecção. Célia João é uma entoação que se funde e cativa quem ouve.
Célia é um nome feminino, João é um nome masculino, o que nos permite analisar o vasto mundo do conceito de representações, estereótipos e identidades do género.
Segundo relatam, fui um bebé robusto, cheio de força, enérgico, que contornava todos os obstáculos que surgiam. Fui crescendo, até me tornar numa "Maria Rapaz". Jogava à bola, andava de patins, de carrinhos rolantes, competia com rapazes e até batia neles, caso houvesse necessidade. Também brincava com bonecas, jogava à corda, brincava aos pais e às mães e até aos médicos, com as raparigas.
Tornei-me adolescente, determinada, provocadora, atrevida, e prática, carecterísticas consideradas mais masculinas. Naturalmente, que possuía e ainda possuo características culturalmente aceites como mais femininas.
A partir dos 15 anos cortei o cabelo curto e comecei a vestir-me de uma forma mais masculina e assim foi mais de uma década. Sentia-me bem, protegida e não tinha intenção alguma de me me vestir de outra forma. Hoje tenho consciência que considerava o meu corpo pouco feminino.
A certa altura e devagar, comecei a alterar a minha apresentação, que se tornou mais colorida, mais feminina e à minha medida, sem ser, nem parecer uma "mulherzinha".
Certo dia, um amigo, disse-me com todo o carinho que eu era maravilhosamente andrógina. Na altura não reagi muito bem, mas com alguma reflexão consegui identificar-me.
Não deixa de ser um rótulo, mas o que não o é? Começando com o nome com que crescemos, que com ele vivemos e que com ele provavelmente vamos morrer.

domingo, junho 06, 2010

TochaPestana - yes, no or maybe

Vai e vem

Fuck you

DUAS COISAS

"HÁ DUAS COISAS INFINITAS:
O UNIVERSO E A ESTUPIDEZ NO MUNDO.
QUANTO AO UNIVERSO NÃO TENHO A CERTEZA."


EINSTEIN

XI Marcha do Orgulho LGBT (Lisboa 19.06.2010)